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O Mercurialismo é uma doença crônica irreversível que necessita realização de diagnóstico correto e o acompanhamento médico permanente. Isto deve ser feito por um Serviço de Saúde Ocupacional especializado contando com uma equipe multidiscliplinar .

O Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital das Clínicas (SSO/HC-FMUSP) sob coordenação da Prof Marcilia de A M Faria elaborou um programa de atendimento aos trabalhadores com mercurialismo desde 1997. O programa consiste na realização do diagnóstico através dos exames referidos acima incluindo uma bateria de exames de avaliação do SNC e de outros órgãos e seguimento médico com tratamento sintomático dos trabalhadores.

Vários aspectos do programa tem tido dificuldades em ser mantidos e outros não podem ser cumpridos ou ampliados por falta de recursos para a sua manutenção e de uma equipe multidisciplinar. Contudo, tem sido importante a ampliação da parceria deste programa do SSO com docentes de outros serviços do HC.Desde 1998 a AIEMM tem reuniões mensais com a coordenadora deste programa.

Grupos de risco de Mercurialismo:

O mercúrio metálico é utilizado na sociedade moderna em vários processos de trabalho e é um importante poluente ambiental. Os trabalhadores podem se expor em:

  1. Indústrias: fabricação de lâmpadas fluorescentes, cloro-alcalis, produção de equipamentos, pintura etc;
  2. Serviços de saúde: equipamentos e consultórios dentários;
  3. Garimpos na região amazônica do Brasil e mineração não existente no Brasil.

Mercurialismo na Grande São Paulo:

A contaminação na região da Grande São Paulo (GSP), tem ocorrido nos processos industriais e em serviços de saúde. Na produção de lâmpadas fluorescentes os processos mecânicos, semi-automatizados e automatizados usados nas máquinas de bombear ou injetar o mercúrio na lâmpada a temperatura é muito elevada, chegando a 600º C e o risco de intoxicação é aumentado. Mesmo no processo automatizado ocorrem freqüentes quebras de lâmpadas contaminando o ambiente e os trabalhadores.

Inicio de 1991 foram realizados processos com atuaçao conjunta da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e Ministério Público (MP) nas principais indústrias de lâmpadas fluorescentes da região da GSP com detecção de valores elevados do Hg no ambiente.

Como resultado destas atuações foram diagnosticados casos de Mercurialismo pelos serviços de saúde do SUS, HC/FMUSP, UNICAMP, Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (CRST), Fundacentro e SESI. Infelizmente, estes processos não tiveram continuidade e foram arquivados.

Desde 1997, o programa de atendimento aos indivíduos com Mercurialismo do SSO/HC tem registrados mais de 250 indivíduos da região da GSP, apesar da demanda do serviço ser extremamente contida .

Mercurialismo na Região da Baixada Santista (BS):

Nesta região tem ocorrido uma intensa poluição ambiental do estuário da baia de Santos. Em decorrência da indústria de cloro-soda que utiliza o Hg no processo de produção ocorre eliminação de Hg nas águas do município de Cubatão.

O diagnóstico de Mercurialismo Crônico Ocupacional tem sido raríssimo , diferentemente de todos os outros lugares onde tem presença de plantas deste tipo de industria .Todavia, estudos e relatórios da Cetesb e universidades tem mostrado alta concentração do Hg no estuário da BS.

Problemas Médico Social:

O Mercurialismo é uma doença crônica irreversível que necessitarealização de diagnóstico correto e o acompanhamento médico permanente.

Por isso, em todo mundo tem sido desenvolvidos importantes programas de controle do Hg nos ambientes de trabalho e propostas de controle ambiental.

Na GSP, os trabalhadores intoxicados da GSP tiveram e tem muitas dificuldades na determinação do diagnóstico e tratamento principalmente antes do programa de atendimento do SSO/HC.

Os indivíduos aposentados perdem o direito aos seus respectivos convênios de empresa dificultando o seguimento do atendimento.

Atualmente muitos trabalhadores continuam sem cobertura previdenciária por causa de negativas injustificadas do INSS no reconhecimento da doença; levando que os indivíduos fiquem sem os seus direitos atendidos. Isto tem aumentado o sofrimento dos associados com o agravamento dos seus problemas de saúde e de suas condições de sobrevivência.l .

As ações e processos judiciários realizados pelos trabalhadorers contra as empresas demoram para serem julgados e os seus resultados tem sido contraditórios. Lesões crônicas determinadas pelo Hg ora tem sido reconhecidas por vários juizes e os indivíduos tem recebido as respectivas indenizações ora são negadas com danos e exposições muito semelhantes.

Em todo mundo desenvolvido o avanço da saúde ocupacional ocorreu devido políticas de controle dos ambientes de trabalho, e seguimento e estudos em situações de descontrolesambiental como ocorrida nas industrias de produção de lâmpadas na GSP.

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A A.E.I.M.M. é uma entidade social, cultural e beneficente que tem como objetivo obtenção da melhoria das condições de saúde e de vida dos trabalhadores com mercuríalismo, doença decorrente da exposição e intoxicação pelo mercúrio (Hg).

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